Sabemos que qualquer relacionamento com um bom grau de intimidade envolve conflitos. Aqui em nosso site, já listamos os 10 sinais comuns de uma relação abusiva. Mas você já parou para refletir sobre suas próprias responsabilidades na criação de um relacionamento conturbado? Tão importante quanto reconhecer invasões de espaço é identificar e lidar com suas próprias limitações, evitando assim colocar em risco a saúde da relação. Aqui estão 5 sinais para você compreender se está cometendo deslizes na hora de se comunicar com seu par:
Você grita e/ou verbaliza ofensas, a fim de ser escutado/a/e.
Demonstra indiferença ou “dá um gelo” caso a outra pessoa não satisfaça suas necessidades.
Tenta controlar as amizades e/ou redes sociais da outra pessoa.
Faz chantagem emocional, expressando profunda tristeza a fim de comover e/ou obter o que se quer.
Não verbaliza suas necessidades com clareza, esperando que o outro as adivinhe. Caso isso não ocorra, se frustra.
Quem nunca cometeu nenhum destes exemplos, que atire a primeira pedra. Deixemos de lado qualquer julgamento sobre ter ou não falhado, a verdade é que, a princípio, essas estratégias podem até funcionar como defesa contra comportamentos abusivos. No entanto, a longo prazo, tendem a intensificar conflitos em qualquer relacionamento. Não funcionam e é isso que importa.
Mas afinal, o que fazer para se comunicar assertivamente? Segundo a pesquisa do psicólogo americano Marshall B. Rosenberg, a resposta está na Comunicação Não Violenta (CNV), uma abordagem baseada principalmente na empatia. A empatia, conforme o dicionário Aurélio, significa “a capacidade psicológica para se identificar com o eu do outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciadas”.
Antes de buscar empatia com o próximo, é essencial reconhecer e nomear nossas próprias emoções. Somente assim podemos imaginar o que outras pessoas estão sentindo, mesmo que suas necessidades sejam opostas às nossas. A CNV se baseia em 4 pilares essenciais para enfrentar conflitos:
Observar
Sentir
Reconhecer as necessidades
Realizar um pedido
Vamos ilustrar a diferença entre uma abordagem de comunicação violenta e não violenta com um exemplo:
Comunicação Violenta: Uma pessoa chega em casa cansada do trabalho e, ao encontrar a cozinha desorganizada, desabafa em alto tom de voz: “Você é muito folgado/a/e, não faz nada aqui. Quando vai parar de ser egoísta e pensar no outro? Estou exausta e agora terei de fazer nossa janta.”
Comunicação Não Violenta:
Observar: "Você saiu de um dia difícil no trabalho, se sentia cansada e imaginou seu companheiro organizando tudo, isso gerou uma expectativa sobre o comportamento dele."
Sentir: "Ao chegar em casa e notar a falta de parceria na organização da cozinha, senti raiva pois minhas necessidades de cuidado, ordem e satisfação não foram realizadas."
Reconhecer as necessidades: "Senti raiva pois minhas necessidades de cooperação, ordem e satisfação não foram realizadas."
Realizar um pedido: "Me senti frustrada ao me deparar com a cozinha suja. Preciso contar com sua responsabilidade nas demandas da casa, principalmente à noite."
É importante lembrar que nem sempre a outra pessoa estará pronta para empatizar facilmente, pois suas próprias necessidades podem conflitar com as suas ou ela pode ter dificuldades em reconhecê-las e comunicá-las. Com um pouco mais de domínio sobre o tema e estando emocionalmente disponível, você pode guiar seu parceiro/a/e nos passos acima para negociar uma resolução. Isso transforma o desfecho de um conflito de uma disputa onde apenas um vence para uma decisão compartilhada, sustentada por confiança e respeito mútuos.
Além de sugerir novas estratégias de comunicação, é importante reconhecer quando existe uma limitação maior que impede a prática efetiva dessas técnicas. Nestes casos, buscar ajuda profissional especializada, como terapia de casal, familiar ou mediação de conflitos, pode ser extremamente benéfico para sustentar relacionamentos saudáveis.
Para aqueles que enfrentam dificuldades em relacionamentos abusivos, é fundamental buscar ajuda e suporte especializados.
Um recurso valioso é o Canal SOS Fala Mulher, uma iniciativa que oferece apoio psicológico e jurídico com orientação para mulheres em situações de violência. Este canal proporciona um espaço seguro para compartilhar e receber orientação sobre como buscar ajuda legal e emocional.
Para saber mais sobre o Canal SOS Fala Mulher e como ele pode ser um recurso essencial para apoio, visite clicando abaixo:
Fonte: Comunicação Não Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais - Marshall B. Rosenberg
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